segunda-feira, 19 de outubro de 2009

veja como redirecionar o orçamento

Escrito por Jornal do Commercio
Os pequenos e médios investidores vão começar a sentir, já no final deste mês, escassez de capital excedente ainda mais forte. Sem o reajuste dos salários diante das constantes elevações dos preços do comércio varejista, ficará cada vez mais difícil alocal sobra de recursos, pelo menos na caderneta de poupança.

A tendência do segmento também deverá ser manter os bancos como alvos de cuidados, principalmente por se tratarem, agora, de artigos de luxo, voltados para clientes com renda acima de R$ 1mil. Comprar a crédito nem pensar. As elevadíssimas taxas de juros, em trono de 13% ao mês, estão de assustar qualquer desprevenido. Mas, se a situação for realmente emergencial, o ideal será tentar um acordo com o lojista, mesmo que seja para utilização do cheque pré-datado, ou adotar cartões de crédito comerciais, cuja anuidade não é cobrada.

Se, após uma verdadeira ginástica financeira para fazer o orçamento familiar, o assalariado conseguir chegar ao final do mês com algum dinheiro disponível, um bom investimento é a caderneta de poupança. O economista Hélio Nascimento simulou para o Jornal do Commercio algumas situações de aplicação de capital e dicas de comportamento nas compras do dia-a-dia, em algumas categorias de renda, com o objetivo de auxiliar o consumidor no melhor gerenciamento de seus recursos em moeda forte.

Um indivíduo que ganhe cinco salários mínimos, por exemplo, após pagar todas as contas, incluindo, água, gás, luz e telefone, e efetuar as compras do mês, poderá investir as sobras em caderneta de poupança. Na simulação, Hélio Nascimento calculou o valor aproximado de unidades de R$ 100 para aplicação. A ilusão monetária, diz, faziam com que os investidores acreditassem ter ganhos elevados, já que, ao deixar o dinheiro parado no banco por 30 dias, o percentual de 0,5% mais a TR aumentaria o capital para R$ 100,50, contando somente a taxa de juros.

- Para um indivíduo que ganha apenas cinco salários mínimos, não há muitas alternativas. Aplicando no fundo de renda fixa, essa pequena quantia corre o risco, dependendo do prazo da aplicação, de ser corroída pelo IR e pelo IOF e acabará ficando com pouco. O herói que conseguir fazer essa proeza de chegar ao término do mês com algum recurso, deve aplicar pelo menos 10% do salário na caderneta de poupança - explica.

Os que recebem até dez salários mínimos, possuem capacidade de poupar em torno de 10% a 25% da renda. Para esses casos, o economista explica que a aplicação em outro produto que não seja a caderneta de poupança implicará o investidor deixar por prazo bem superior, em uma opção de renda fixa, para escapar do IOF (o IR já está computado). "Vai depender muito da negociação com o banco também", completa.

Quem ganha acima de dez salários mínimos, pode se considerar o principal alvo dos bancos no novo cenário econômico do País. O público vip possui 50% de capacidade de poupança, podendo distribuir o capital em 30% no fundo de renda fixa, 30% em fundos de renda variável, e 40% na caderneta de poupança. A diferença, de acordo com o consultor Hélio Nascimento, não está no maior poder de investir, mas na disponibilidade tempo que o indivíduo tem para deixar o dinheiro no banco, ao contrário da necessidade de resgate a curto prazo que o pequeno investidor tem.

- Os detentores de rendas maiores do que vinte salários mínimos podem distribuir o capital excedente em ações na Bolsa de Valores, que deverão começar a reagir positivamente daqui para a frente, dependendo da política da taxa de juros implementada pelo Governo. Deve-se raciocinar que, se estas taxas se mantiverem elevadas, a atratividade do segmento será cada vez menor, diz.

O mercado de ações só poderá ser acessível ao pequeno investidor, caso resolva entrar em clubes de ações, pois, de outra forma o capital disponível será pequeno demais para esse tipo de empreendimento. Aplicar em franchising, também não deverá ser um bom negocio, por se caracterizar como um mercado de risco, tendo em vista que o tempo de maturação de uma franquia (período que chega, em média, a dois anos) pode fazer com que o capital não renda como a caderneta de popança. Na prática, funciona mais ou menos assim: quem dispuser de quantia de R$ 20mil e quiser alocar o dinheiro em franchising de pequeno porte poderá substituir a operação por uma aplicação em caderneta de poupança que garantirá, pelo menos, R$22,8mil após 24 meses. "Não devemos esquecer que o candidato a franqueado tem que possuir garantias a oferecer, como imóveis, e verba para o giro", salienta.

As micro e pequenas empresas serão as mais beneficiadas daqui para a frente, se levarmos em consideração que o número de linhas de crédito estão aumentando. O único ponto pendente diz respeito ao elevado número de tributos pagos em níveis municipal, estadual e federal.

- O problema não reside na questão da liberação de incentivos, mas no Código Tributário Federal. Hoje, quem mais contribui para o cofres da previdência são as pequenas empresas, que dedicam a fatia de 10,65% do faturamento bruto aos encargos sociais. A minha solução seria reduzir a tributação para níveis estadual e municipal. Apenas oferecendo para o governo federal alguma contrapartida, para não deixá-lo sair perdendo, opina.

O economista também dá dicas aos consumidores que necessitam organizar o orçamento familiar. Como mesmo que tem renda de 10 salários mínimos, casa para cuidar e um filho, não consegue chegar ao final do mês bem das pernas, o que não deve acontecer com os que possuem maiores encargos domésticos? Segundo Nascimento, não se deve alimentar ilusões quanto à retração dos preços de comércio varejista em geral, pois a deflação só acontecerá com os produtos da cesta básica.

E, apesar disto, uma regrinha indispensável para o dia de ir ao supermercado é nunca chegar às prateleiras com o carrinho. Isto porque, a estratégia de marketing das lojas é justamente posicionar os produtos mais baratos na parte de baixo, partindo da premissa de que o consumidor tem sempre a coluna reta e esguia demais para se abaixar. Outro fator que deve ser retirado de vez da cabeça dos brasileiros é a palavra promoção que, a partir de agora, tem de ser encarada como excesso de estoque do supermercado, com giro de um ou dois dias.

- Nenhum supermercado pede com isso., A margem de lucro está sendo justificada no spread, que é diferente de promoção, fator só praticado pelo fornecedor que determina os preços das mercadorias.

Caderno Seu Bolso/Seu Negócio, 18/07/1994

Atualização ( Qui, 08 de Janeiro de 2009 16:53 )

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