Sábado, 2 de Maio de 2009 ComunidadesEconomia doméstica
Lourdes Souza
A gestão do orçamento doméstico é a chave para se alcançar os sonhos de consumo e lazer estipulados ao longo da vida. Com a redução de 20% das despesas durante quatro meses, o administrador de empresas Eduardo Guimarães Costa Filho, 26, conseguiu comprar um carro novo. Planejar o orçamento foi determinante para a aquisição do bem. Ele conta que os gastos supérfluos foram os primeiros alvos. "Cortei tudo que não era necessário e mantive somente as despesas indispensáveis. Em um período curto, consegui meu objetivo", comemora.Consultor financeiro e doutor em Otimização, Rodrigo Leone afirma que organizar e planejar o orçamento nada mais são do que administrar o dinheiro. Professor do IBMEC e sócio da Leone Consultoria, o especialista avalia que no Brasil ainda é pequena a preocupação com a gestão financeira do orçamento doméstico. "Geralmente, nem sabemos ao certo com o que gastamos”, diz. "Um dos fatores positivos da crise financeira mundial é o fato das pessoas estarem abrindo os olhos para as finanças e buscando mais informações." Eduardo acredita que aprendeu a lidar com a importância de se ter uma reserva financeira. "Aprendi a controlar os gastos após meu ingresso no mercado de trabalho há seis anos e comecei a planejar a aquisição de bens." Mesmo sem ter um controle diário, o jovem tem o hábito de analisar o extrato bancário. Mensalmente, economiza 10% do rendimento para eventuais emergências. "Em tempos de crise, torna-se mais importante o planejamento do orçamento", aconselha.
Tudo no papelColocar todas as despesas e receitas no papel é o primeiro passo para se iniciar o controle do orçamento. Uma metodologia que colabora também para a organização dos investimentos. Rodrigo Leone explica que quando não há planejamento, a pessoa fica mais vulnerável a ter problemas financeiros. Ao mesmo tempo, os objetivos traçados ou imaginados também podem não ser atingidos. O especialista afirma que com o descontrole da receita e dos gastos, torna-se complicado adquirir um imóvel ou fazer uma viagem, por exemplo. Segundo ele, no dia-a-dia, as pessoas são racionais, mas não têm o hábito de fazer o controle financeiro. Para isso, Rodrigo comenta que não é necessário montar planilhas complicadas. Relatórios simples de receita e gastos ajudam bastante. Ele diz que o cidadão deveria ter a mesma preocupação que uma empresa tem com suas finanças. "O planejamento doméstico repete a dinâmica de um planejamento empresarial." O planejamento parte de três pontos essenciais, que precisam ser avaliados: como a pessoa está financeiramente, ou seja, a planilha do balanço patrimonial; qual o objetivo futuro – comprar algum bem ou pagar dívidas, por exemplo; e o prazo para atingir os objetivos. Ele reforça que o orçamento doméstico só pode ser considerado completo se levar em conta sonhos e objetivos que se quer realizar.Rodrigo Leone afirma que só o fato de colocar no papel já inibe gastos desnecessários. Isso acontece porque ao visualizar para onde vai o dinheiro, a pessoa tende a se controlar mais. "Você se controla, fica menos impulsivo. Quando não anota, fica mais fácil perder o controle. Um exemplo é a gestão do cartão de crédito. Você vai gastando e protelando os pagamentos para o próximo mês. Quando chega a fatura, nem se lembrava com o que tinha gastado."O especialista alerta que na hora de compor a planilha de objetivos é importante listar tantos os objetivos maiores quanto os menores e estabelecer um tempo determinado para a realização. "Quando há a organização, a pessoa se depara com três possibilidades – estar sobrando dinheiro; receita e despesas empatadas e o déficit." A partir desta constatação, torna-se mais fácil elaborar planos financeiros. Quando há superávit, abre-se a possibilidade de novos investimentos para aumentar a rentabilidade dos recursos. Nos casos de empate e déficit, fica clara a importância de aumentar a renda ou economizar com corte de supérfluos e redução dos gastos.
Gestão e economiaO advogado Lourival de Moraes Fonseca Júnior faz o controle do orçamento doméstico. A partir desta organização, realizou economia de 25% nos gastos mensais para o investimento no mercado imobiliário no ano passado. "Não me considero um especialista em finanças domésticas, mas sempre procuro avaliar com minha família as despesas e receitas mensais", diz Lourival afirma que o fato de ser profissional liberal, assim como sua mulher, que é arquiteta, reforça a importância da gestão financeira. "Não temos uma garantia segura do montante no fim do mês. Mesmo assim, na maioria das vezes, se mostrou possível reservar um porcentual dos ganhos." A reserva financeira, uma regra que é seguida todos os meses, tornou-se uma ferramenta indispensável para a aquisição de bens e viagens. Lourival afirma que a organização financeira e as reservas são essenciais. "Um planejamento orçamentário é peça-chave para ter êxito neste caminho", diz. As dívidas também recebem uma atenção especial. Ele tenta não alongá-las e sempre analisa os juros, correções e taxas administrativas embutidos.O consultor financeiro Rodrigo Leone afirma que, ao contabilizar as dívidas, é importante analisar a origem e os juros incluídos. Após a análise, às vezes, torna-se mais interessante trocar a dívida por outra com juros menores. A mesma regra, Leone alerta que vale para os investimentos. Ao analisar as taxas de retorno e os prazos, a pessoa pode planejar melhor o destino do dinheiro.
Saiba mais
Organize o orçamento doméstico
* Anote a receita (renda) do mês, ou seja, salários e ganhos extras. Em caso de família, some os salários de todos integrantes.* Faça uma lista com todas as despesas fixas – aluguel, condomínio, financiamento da casa ou apartamento, gastos com veículos, mensalidades escolares, impostos, alimentação, entre outros. É interessante listar por temas. Em caso de contas parceladas, não esqueça de incluir o valor das parcelas a cada mês. Dessa forma, é possível identificar o quanto a renda já está comprometida.* Faça a lista dos gastos esporádicos. Caso falhe a memória, vale revisar as faturas do cartão de crédito e os talões de cheques. * Contabilize também as tarifas cobradas pelos bancos.* Para quem tem filhos e dependentes, anote estes gastos em um tópico separado. Inclua despesas com passeios, presentes, computador, celular e também os planos de previdência e poupanças, caso existam.* Após anotar todos os gastos, faça uma análise das despesas e destaque as que podem ser cortadas ou reduzidas.* A partir de então, passe a identificar meios de gerenciar os gastos esporádicos. Fixe um limite de dinheiro para cada categoria.
Planeje as aquisições
* Faça uma lista com seus objetivos tanto os pequenos quanto os grandes. Mas observe se eles são factíveis* Estabeleça uma ordem de prioridade para cada meta* Agora, estabeleça os prazos para a realização de cada um. É importante colocar a data e o período necessário de economia para cada aquisição* Analise e identifique as opções de investimentos mais adequadas para os planos listados* Revise sempre os planos e faça as alterações de acordo com o momento em que estiver ou sempre que surgir uma nova aspiração ou necessidade
Modelo de planilha básica
Renda familiar
* Salários* 13º salário* Férias* Retirada de investimentos
Habitação
* Financiamento* Condomínio* PTU* Luz* Telefones* Gás * TV por assinatura* Supermercado* Empregada
Saúde
* Plano de saúde* Médico/psicóloga* Dentista* Seguro de vida* Outros
Transporte
* Ônibus/metrô* Táxi* utomóvel
* Prestação* Seguro* Combustível* Lavagens* IPVA* Mecânico* Multas
Despesas pessoais
* Cabeleireiro* Higiene pessoal* Vestuário* Academia
Lazer
* Restaurantes* Cafés/bares/boates* Livros/jornal/cds e dvds* Passeios
Tarifas de bancos
* Conta corrente* Juros
Dependentes
* Escola/faculdade* Cursos extras* Material escolar* Esportes/uniformes* Mesada
Investimentos* Renda fixa* Renda variável
Total - Saldo do mês
* Saldo acumulado do ano
terça-feira, 13 de outubro de 2009
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Sou do Rio de Janeiro e gostaria de saber se vc faz consultoria para pessoa física. Faço meu controle através do Money à alguns anos, mas meu orçamento sempre está apertado. Acho que está havendo uma falha de interpretação minha e não estou conseguindo planejar meus gastos satisfatóriamente. Meu nome é Robson. Aguardo respostas.
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